OUVIR E ESCUTAR

Por Valério Pereira
"Falar é uma necessidade, ouvir é uma arte." (Goethe)
Valho-me deste consagrado pensador para fazer uma criteriosa análise destas duas ações. Ora! se ouvir é uma arte que requer toda sensibilidade do ouvinte, assim como as características naturais de um artista, tais como, percepção, desprendimento e principalmente paciência para detectar o signo linguístico, classificado como significante e traduzido como a realidade material ou a imagem acústica, o conjunto sonoro, a expressão em que está contida a ideia etc., escutar vai mais além! Sim, porque a magnitude do escutar é abrilhantada pela facilidade de envolvimento quando da compreensão do sentimento da pessoa que fala, é manifestar aquela sensação prazerosa ao apreciar todos os contornos canoros de cada palavra emitida que resultam na criação  do significado (o aspecto imaterial e conceitual, a ideia abstraída do significante). É sentir no âmago o encanto da decodificação que promove o fascínio no engrandecimento salutar do relacionamento. "O valor da palavra não está nela mesma e sim na elaboração interior e anterior de quem a pronuncia e na elaboração interior e posterior de quem a escuta." (Zita de Andrade Lima, Revista de Com. Social, 1975, pág. 42).  Diante desta exposição de motivos, não é difícil compreender que a falta de entendimento entre os indivíduos do mesmo grupo dá-se em virtude da dificuldade que muitos encontram em não encarar com humildade a virtude de escutar com atenção o seu interlocutor. Em verdade, só ouvir barulhos ou palavras soltas bradadas por pessoas que não fazem parte do nosso convívio, não proporciona qualquer sentimento de intimidade que vigorize salutares aproximações  e edifique  a tão almejada felicidade.
­­­______________________________________________
Até a próxima!