segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Madame Bovary de Gustave Flaubert


                 
                                           
       A tragédia: Depois de encarar o adultério como forma de rejeitar as chatices do casamento, Ema Bovary não consegue o apoio de Léon, o seu segundo amante e suicida-se diante da inocência de seu marido. A categórica dissimulação sobre o sentimento de desconforto e insatisfação da protagonista nunca o levou a nenhuma desconfiança, e continuou a amá-la depois de morta, ainda mais que antes. Reúne suas coisinhas para beijá-las e entesourá-las  e encontra cartas e alguns retratos de Rodolfo, o primeiro amante. O choque é fulminante e, em seguida é encontrado morto sobre um banco do jardim da mansão. A idéia central da obra nos deixa fascinados porque é visível uma dubiedade entre características do romantismo  e do realismo, porém isso não o faz diferente de outros românticos que manifestam também uma preocupação com o concreto, com o detalhe,  buscando uma observação mais direta com a realidade, sem os véus da fantasia, descartando a denúncia de ser uma violenta oposição, mas sim uma própria evolução dos próprios princípios românticos. Para corroborar, podemos sugerir a leitura das obras de José de Alencar, Visconde de Taunay e outros. A dissonância  fica acentuada quando  Flaubert repudia a crítica de ser adepto da vida em lugar-comum. Porém,  o seu elemento dominante foi a sentimentalidade romântica, um realismo colérico e o sentimento ultrajado (com requintes de execração). Madame Bovary foi concluída em 1857, momento em que o autor chegou a ser acusado pelos tribunais franceses de açular a imoralidade e corromper a mocidade, todavia satisfazer o sensualismo do leitor foi coisa que nunca passou pela sua cabeça. A temática não se compara com a de Dom Casmurro (de Machado de Assis), onde Bento Santiago, o Bentinho, tomado pelo ciúme, faz um julgamento baseado em meros indícios e relaciona alguns coincidências, até a aparência do filho Ezequiel com Escobar, seu melhor amigo e suspeito de ser o suposto amante de Capitu, o personagem feminino mais famoso do romancista, muito embora ela negue veementemente. Se foi verdade ou não, compete a cada leitor tirar suas conclusões. No caso de Madame Bovary o desfecho foi contundente e houve a  ação que deixou fluir a justificativa da  necessidade de ela praticar a traição como se fosse um sintoma crônico de inquietação e desprazer diante do cotidiano da vida, pela falta de ambição do marido que, ao contrário,  se contentava  com a rotina diária. Madame Bovary não foi a obra prima de Flaubert, e sim,  Salammbô, uma obra com lineamentos históricos. Essa obra o fez restabelecer o prestígio entre os franceses, que o condecoraram como o deus do estilo  e padroeiro dos homens de letras.

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