domingo, 2 de agosto de 2009

A ALEGORIA DA CAVERNA DE PLATÃO - UMA ANÁLISE DA METÁFORA

Valério Pereira
A leitura de um texto dessa magnitude realizada por um leitor desprevenido o deixará claramente acuado pela estranheza do conteúdo que dá vazão a inúmeras diretrizes bizarras, quando da interpretação. Qual a mensagem central que podemos detectar ao focalizar de uma distância privilegiada a situação vivida por aqueles indivíduos enclausurados no interior da caverna? o teor do cenário e das cenas é quase que surreal porque - que homens suportariam viver eternamente com a liberdade ceifada e privados de comida e bebida?
Embora que de uma maneira eufêmica com relação à caverna, aqui e acolá encontramos indivíduos submetidos à submissão. A liberdade é e sempre foi alvo de perseguição pela opressão, como uma triste orquestração de uma ave canora em sua gaiola. "Para lidar com o sofrimento é preciso perceber que ele faz parte da nossa vida" (Dalai Lama). O que se espera, porém, de um contexto que sempre apresentou um fortalecimento dicotômico visível entre o sofrimento e a felicidade por conta de um inevitável desnivelamento social? O desconforto é preocupante quando percebemos a desigualdade de valores entre instruídos e não instruídos. Certamente que isso gera uma inquietação visível, notadamente entre o filósofo que tanto fomenta a virtude. "A virtude é uma faculdade prática, sendo construída pelo hábito, pela ação propositadamente exercida e repetida." (Aristóteles). Afinal, não é essa a essência da filosofia? a busca incessante pela razão das coisas corriqueiras da vida?
Analisando e compreendendo essas perspectiva, se espera como resultado reflexivo a projeção de um homem indivisível, com apurado senso de justiça, com uma vida financeira estável e em constante harmonia com a felicidade, banindo de vez a dor e o sofrimento açulados pelo descompasso desse próprio homem. A mensagem central do cenário da caverna (na minha concepção) faz uma abordagem da invasão de obscurantismo aliciante que tende a travar toda e qualquer possibilidade de novas expectativas que venham descobrir e conviver em um mundo melhor. Por quê? Ora, desde os primórdios, desde os primeiros entendimentos cognitivos, somos agentes presenciais dessa discórdia entre paz e desassossego por conta da soberba humana. E ninguém está imune de se livrar dessa bifurcação, nem que se trate de músico, astrônomo, geômetra ou qualquer outro cientista, porque a natureza é infinitamente imútável "Naturam mutare difficile est" (Sêneca). A nossa missão como seres humanos é de criar no sentido de resguardar, para que possamos ter um modelo de vida digno em consonância com o mundo. Jamais poderemos desafiá-la na perspectiva de radicais modificações que porventura venham a bater de frente com a decretação pétrea determinada por essa própria natureza, sob pena de provocar graves falhas na qualidade de vida das espécies. A medicina, por exemplo, desde Hipócrates (Cós, 460 - Tessália, 377 a.C.) até nossos dias e se valendo de opulentos recursos fornecidos pelos reinos animal, vegetal e mineral, tem propiciado grandes e impagáveis avanços para o bem da humanidade, como a fabricação de modernos medicamentos, sofisticadas cirurgias que curam e salvam vidas. O que inquieta o filósofo é que para o homem comum tudo isso passa despercebido, mas certamente não faltam esforços para um genuflexo, no intuito didático de provocar um entendimento mais apurado. E é nessa cadência que entra em cena a dialética que abrilhanta a sua presença na derrocada das conjecturas, procurando constatar o que é inerente à essência, com o beneplácito da ciência e da inteligência. "Se tudo que está posto fosse essência não haveria a necessidade de existir ciência." (Karl Marx).
A idéia de Platão é que nada nem ninguém poderia interferir na lides das cidades por simples vaidade de ser agente detentor do poder. Certamente teríamos elites, mas elites não segmentadas e providas de sensibilidade para a compreensão da importância da honestidade, juntamente com a busca da harmonia. O autor é ponderado ao questionar o potencial dos que não receberam educação nem experiência da verdade. Esses, certamente não estariam aptos a conduzir os destinos de uma cidade.

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