segunda-feira, 21 de julho de 2014

A MÚSICA BREGA E A MÚSICA ROMÂNTICA

Em primeiro lugar vamos apresentar uma definição precisa do que é brega. Segundo os dicionaristas, brega é a exibição do mau gosto, da deselegância, do que não é gracioso, da coisa cafona, ultrapassada, da caretice etc. Mas o passado não é museu como insinua a letra infeliz de uma ridícula música de forró. O passado é o que acontece de fato na nossa vida que nos faz conviver com o brio das lembranças que muitas vezes são compensadas com as visitas a essas instituições de tão grande valor que são pejorativamente desqualificadas pelo compositor da  malfadada música. Será que compositor nunca olhou para trás para recordar pelos menos os bons momentos que a vida lhe ofereceu?
Para exemplificar melhor vamos recordar a trajetória do cantor Waldik Soriano, que só se apresentava em seus shows de paletó e um tradicional chapéu de massa, tudo preto, em homenagem ao seriado Durang Kid. Todavia era literalmente determinado em não concordar que as suas músicas eram bregas e sim, românticas. Tal semelhança na padronização do vestuário é o cantor cearense Falcão que, ao contrário,  brada aos sete ventos que é genuinamente brega. Deixando caracterizações à parte, a música brega nada mais é do que aquela que se  distancia do modismo e apresenta em seu conteúdo um teor de criatividade que dá destaque ao  pessimismo doentio, uma descrença generalizada, um tédio pela vida e uma obsessão que impregna tudo de tristeza e desilusão dando elevação ao desabafo das próprias tristezas e frustrações. Esse sentimentalismo patogênico enaltece o sofrimento e a dor em comparação à tendência  da poesia romântica denominada de mal do século ou ultra-romantismo que teve o seu apogeu no século XIX. Quem se interessar pela temática basta ouvir com condescendência e atenção canções extremamente penosas que já não mais são ouvidas com frequência nas paradas de sucesso. Já a música romântica é aquela que fala da serena emoção do amor e da paixão sem o exagero na apelação e fortalece a felicidade, a conquista pela pessoa amada, a realização dos sonhos, a harmonia familiar, os encontros cheios de euforia etc. Muitos cantores que são destaque  nas FMs, redes sociais e mídia em geral produzem sedutores repertórios que mostram conteúdos de profunda terapia para os nossos ouvidos com canções que fazem o ouvinte levitar em busca de paz e realizações. Em verdade, música é arte. E a arte tem a incumbência de deixar brotar a passionalidade que é norteada pela questão do gosto de cada indivíduo. Criticar sem conhecer com profundidade  é a demonstração fiel  do espectro da  ignorância, da falta de sintonia com a sensibilidade e do despreparo intelectual.  

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