Os escravos brasileiros foram os primeiros a fazer poupança para conseguirem sua alforria. A caderneta de poupança sempre foi um meio preferido pelos brasileiros para guardar as suas economias. Com a aquiescência do Governo Imperial os cativos puderam, a partir da promulgação da Lei do Ventre Livre, em 1871, abrir um pecúlio na Caixa Econômica Federal.
No momento encontram-se arquivadas apenas 85 cadernetas desse tipo. Essa escassez é um efeito direto da ação do primeiro ministro da fazenda da era republicana, Rui Barbosa, que em 1890, dois anos após a abolição ordenou que se recolhessem os documentos da escravatura em órgãos de sua pasta para serem queimados. Estão no museu da Caixa, em Brasília.
Alguns casos:
- Primeiro caso - Caderneta de Elvira. Foi aberta em Cuiabá. Pertencia a uma escrava de João Serqueira Caldas. Ela inaugurou o seu pecúlio com 50 mil réis, fez vários depósitos até juntar 642 mil e 100 em 1884, quando encerrou a conta para comprar a carta de alforria.
- Segundo caso - A parda Leocádia, escrava do capitão Miguel Ângelo de Oliveira Pinto abriu o pecúlio em Cuiabá no ano de 1876, com 50 mil réis. Sacou o dinheiro que tinha em 1880 tendo rendido 61 mil réis.
- Terceiro caso - A caderneta do escravo de nação Augusto. Abriu com 1 mil réis e conseguiu juntar apenas pouco mais de 4 mil réis. Não conseguiu comprar sua liberdade.
- Alguns senhores de escravos procuraram tirar vantagem da situação. Um deles foi o Tenente José da Silva Rondom, de Cuiabá. Ele incentivou a escrava Joana a iniciar o pecúlio em 1884 até 1887. Ela conseguiu amealhar 600 mil réis que entregou a Rondom em troca da liberdade. Se tivesse esperado mais um pouco, Joana não teria o prejuízo, porque menos de um ano depois a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, no dia 13 de maio de 1888.
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