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Ex-pracinha e italiana se conheceram durante a 2ª Guerra Mundial
João Pedro e Iole casaram-se por procuração – ele, em Porto Alegre, ela, em Pescia, na Itália
Em julho de 1945, o governo brasileiro realizou uma festa de recepção aos combatentes, no Cassino da Urca, no Rio. Entre os convidados estava o cantor Vicente Celestino, que entre goles de uísque e champanhe deliciava-se com as histórias de heroísmo reveladas pelos pracinhas. Até que um relato, que nada tinha a ver com bravura ou abnegação no campo de batalha, lhe chamou a atenção.
Entre lágrimas, o atirador de elite João Pedro Paz, de 23 anos, contava ter deixado na Itália o grande amor de sua vida. Ele e Iole, então com apenas 17 anos, conheceram-se em um baile vespertino, em um local chamado Cinema Garibaldi, na localidade de Pescia, em março de 1945.
João estava de folga e decidira ir à cidade em busca de diversão, na companhia de dois companheiros de farda. Assim que a orquestra iniciou a execução de Moonlight Serenade, de Glenn Miller, os olhares dos dois se cruzaram, e João tirou-a para dançar. Foi o início de um namoro avassalador, que só seria interrompido no retorno da FEB ao Brasil. Antes do embarque, mesmo acreditando ser impossível trazer Iole ao Brasil, João prometeu buscá-la para que ambos pudessem casar-se.
– Não nos entendíamos com as palavras, mas apenas com o olhar – lembra Iole.
A história sensibilizou Vicente Celestino, que compôs a canção Mia Gioconda, narrando o drama vivido por João e Iole, separados por um oceano e por milhares de quilômetros. "Vencido o inimigo / que antes fora varonil, / recebeu a FEB ordem de embarcar para o Brasil. / Dizia a mesma ordem: quem casou não poderá / levar consigo a esposa, a esposa ficará", dizia uma das estrofes.
– Pensava que nunca mais iria vê-la. A despedida foi uma coisa muito triste, comovente – conta João, hoje com 92 anos.
Nascido em Caçapava do Sul e registrado em Cachoeira do Sul, João cresceu e foi criado em Porto Alegre. Três meses após a volta ao Brasil, o pracinha recebeu uma carta de Iole, que contava estar grávida. A história causaria comoção na cidade, a ponto de um jornalista da extinta Folha da Tarde iniciar uma campanha para arrecadar fundos e bancar a vinda de Iole.
Os dois casaram-se por procuração – ele, em Porto Alegre, ela, em Pescia. Meses depois, Iole chegou ao Brasil para viver o seu grande amor, que já dura sete décadas. O filho Pedrinho, que tinha apenas três meses quando atravessou o Atlântico com a mãe, morreu aos 12 anos. Além dele, o casal ainda teve outra filha, Ana Maria.
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