Assunto publicado na coluna Gramática do Jornal Tribuna do Ceará no dia 20 de janeiro de 1999.
O pequeno sinal, chamado "vírgula", pode parecer coisa insignificante, e muitos descuidam dele.
Sua presença, no entanto, modifica o sentido.
Veja a diferença: Um membro da Academia Francesa foi mordido por um cachorro. A família toda ficou muito assustada. Puseram imediatamente o animal sob rigorosa vigilância e a vítima embarcou para o Instituto Pasteur, em Paris.
Ai aguardam com visível ansiedade, notícias do cão. À chegada do telegrama, todos empalidecem:
"Cachorro come nada, louco"
Não havia remédio. A raiva canina é muito transmissível e perigosíssima. O ilustre paciente tinha de se submeter aos duros tratamentos anti-rábicos.
Quando já sofria as desagradáveis reações das vacinas, chega um outro telegrama, retificando o primeiro.
"Desculpe erro vírgula. Cachorro come, nada louco".
Eis os diversos casos em que se usa a vírgula:
No caso de enumeração. Exemplo: E nunca uma lágrima, uma reclamação, uma queixa, uma palavra de amargura, um olhar de impaciência. Que homem admirável!
Porém, se o último elemento vier precedido de e, não precisa de vírgula. Ex: Gosto de flores, de pássaros, de crianças e de cores. No caso de aposto - deve ser separado por vírgula. Ex: D. Pedro I, o Imperador do Brasil, abdicou. Em vocativo que inicia oração, é seguido de vírgula. "Maria, onde estão minhas chaves